A leitura deixa o bebê mais inteligente?
Já comentei anteriormente que ler para o bebê é sobretudo uma questão de afeto. Carinho, companhia e atenção são essenciais para os nossos pequenos. Não importa se o afeto está ou não acompanhado de um livro. Entretanto, muita gente me pergunta sobre as implicações da leitura no desenvolvimento do bebê. Os bebês ficam mais inteligentes? Aprendem mais rápido? Falam mais cedo? Alfabetizam-se mais facilmente? Existem alguns estudos que parecem comprovar o impacto positivo da leitura, quando realizada desde a primeira infância, no desenvolvimento do bebê.
Como mãe e professora, sempre fico preocupada com essas pesquisas pois às vezes o que elas preconizam não acontece com o filho da gente. Uma amiga minha, professora alfabetizadora, colocou o nome do primeiro filho de Caio por que acreditava que, dada a simplicidade fonética desta palavra, por volta dos 4 anos ele conseguiria escrevê-la sozinho. Que nada. Caio só começou a escrever por volta dos 7-8 anos. Com o caçula, um temporão, decidiu apenas dar o nome que mais gostava: Cristiano. Uma palavra comprida e com algumas dificuldades fonéticas (cr / an - por exemplo). Resultado: Cris, aos 3 anos, já reconhecia todas as letras do nome e aos 4 escrevia o nome e o sobrenome.
Qual a lógica disso tudo? Na prática, no nosso dia a dia, não dá para saber...
Embora considere as pesquisas recentes em meus estudos, prefiro sempre abordar as implicações delas tendo como base o bom senso. Neste post, quero tratar sobre a leitura e o desenvolvimento linguístico do bebê.
As experiencias linguísticas do bebê dependem totalmente das conversas que nós, pais, estabelecemos com ele. Ao falar, estimulamos o bebê a perceber os sons da nossa língua; a reconhecer palavras e seus significados; a compreender expressões e sentimentos. Inserido nas situações de comunicação que promovemos todos os dias, o bebê também é incentivado a se comunicar. Ele começa imitando sons e expressões faciais; depois tenta repetir as palavras. Imita gestos. Identifica nossos assuntos preferidos: a comida, os animais, a sua rotina de cuidados, as outras crianças.
E onde entram os livros? Simples: ler para o bebê é conversar com ele e os livros são, lá no fundo, mais um assunto sobre o qual falar. Quanto mais interessante é o livro, mais a gente tem para contar ao bebê. Se traz um texto rico e variado, o bebê tem a oportunidade de escutar sons novos, ampliando as suas experiências fonéticas. Se as palavras são pouco comuns, ele pode ampliar o seu vocabulário. Se o tema que o livro trata pode ser retomado no seu dia a dia, ele aprende a relacionar e, mesmo sem saber falar, começar a conversar.
Sim, a leitura estimula o desenvolvimento linguístico. Isto é fato. Tenha certeza disso. Mas não se apresse e formule conclusões infundadas: a leitura fará o seu bebê falar mais cedo? Ele vai falar de forma mais correta? Ele terá um repertório de palavras maior do que os bebês que não têm contato com os livros?
Sinceramente, não sei e ainda não encontrei uma pesquisa forte o suficiente para comprovar essas decorrências. É hora de pensarmos com bom senso. É claro que contato com os livros trará benefícios ao desenvolvimento linguístico do seu bebê, mas não espere resultados imediatos. Talvez você só perceba esse investimento todo muitos anos depois, inclusive na adolescência. Isso se a frequência da leitura for constante. Não vale ler apenas quando ele é bebê e depois parar de ler. Sempre oriento as famílias a prosseguirem lendo para as crianças mesmo depois que elas se alfabetizam e já podem ler sozinhas. Ler em família é um ato de amor, de união...
E voltamos ao ponto inicial: a leitura enquanto manifestação do afeto. Não tem jeito, esta é a minha bandeira!