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Resenha: "Você conhece a Joana?"

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Por que ler?

O tema, aqueles sentimentos contraditórios da primeira infância, pode até parecer complexo para o bebê, mas quando ele começa a demonstrar que percebe relações de causa e efeito, talvez já esteja na hora de recorrer à literatura para falar sobre o assunto. E Maria Eugenia foi genial ao apresentar esse antagonismo através de duas personagens que têm o mesmo nome, Joana. Elas têm tudo igual e fazem as mesmas coisas, mas a reação delas em cada situação é oposta. Uma pinta direitinho, a outra rabisca tudo. Uma cuida dos bichinhos, a outra não pára de atazaná-los... Para os bebês maiorzinhos, trata-se de uma obra essencial cuja leitura pode se desdobrar em muitas e variadas conversas sobre como os outros reagem diante dos nossos sentimentos. Além disso, a autora e ilustradora, Maria Eugenia, é uma excelente artista e seu traço delicado e simples proporciona uma experiência estética diversa e importante para o bebê leitor. É também uma excelente contadora de histórias, a obra em foco, "Você conhece a Joana?", comprova. Já ilustrou e publicou mais de 60 livros infantis e de adultos e atua como colaboradora ativa para diversos jornais e revistas. Tem uma linha maravilhosa de papelaria, com cartões e caderninhos lindos. Uma super profissional que merece ser conhecida!

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Como ler?

O texto é curtinho, gostoso de ler em voz alta. Na página par (da esquerda), sempre encontramos a Joana que faz tudo certinho. Na página ímpar (da direita), a outra Joana. A cada dupla de páginas, um tema diferente: desenho, brinquedo, animal de estimação, a mãe... E duas reações/ações para cada um deles. Procure descrever as cenas ilustradas e, sempre que possível, conversar sobre o que cada uma delas mostra, relacionando-as com a vidinha do bebê.

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Palavra da especialista

Por não ser um livro que traz apenas o nome de animais/objetos, pede uma conversa constante. Livros que falam de sentimentos são assim: exigem reflexão e, neste caso, é o adulto que ajudará o bebê a observar, perceber, identificar-se e, por que não, começar a refletir! Não é necessário forçar o bebê a aderir a uma das Joanas - não importa se ele faz o tipo mais "bonzinho" ou não. O mais interessante com a leitura deste livro é que ele possa se identificar com ambas as personagens e, por meio da literatura começar a processar a complexidade dos seus sentimentos. Na minha interpretação, quem disse que as personagens não representam a mesma pessoa? Acho que todos nós temos essa contradição internamente e, conforme o nosso estado de espírito, agimos de um modo ou de outro. O bebê, mesmo pequeno, não é diferente. Um dia ele está super bonzinho e no outro não está mais. Dorme, não dorme. Chora, não chora. Come, não come. Geralmente, buscamos causas fisiológicas para justificar essas mudanças. Mas, conforme ele cresce, outros motivos podem estar por detrás dessas variações e um deles é a maior consciência de si e dos outros também. Lembro-me de uma amiga que, cada vez que seu lindo bebê de 10 meses jogava algo no chão, ela reclamava achando que ele estava se comportando mal. Na realidade, ele não estava não. Gozador, achava a maior graça na reação de descontentamento que provocava na mãe sempre que atirava as coisas para longe. Noção de causa e efeito, percepção de si e do outro. Este bebê estava, na realidade, crescendo!

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Onde encontrar?

Fácil de encontrar pela internet e também nas livrarias.

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Tome nota!

Título: Você conhece a Joana?

Autora e ilustradora: Maria Eugenia

Editora: Callis

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