Sou pedagoga. Sou escritora de livros para bebês. Sou editora de livros infantis. Mas sou, acima de tudo, mãe e trago sempre em meu coração a imagem dos meus filhos bebês com um livro nas mãos. Ainda muito pequenos, sorridentes diante do livro ainda incompreensível e logo mais dispersos, com o livro em suas boquinhas miúdas, como se "comer" fosse o mesmo que ler. Mais tarde um pouco, já mais atentos e curiosos, com as mãozinhas úmidas ávidas para virar a página e descobrir a surpresa que vem logo mais adiante... A lembrança dos seus cabelos perfumados e da minha voz suave soprando baixinho as histórias dos livros em seus ouvidos. A alegria da leitura solta e bem humorada do pai, cheia de gargalhadas e o eterno repente "de novo, de novo". As histórias antes de dormir, à meia luz. Os livros que se empilham e viram casinhas, caminhas e estradas para os carrinhos. O tempo passa, mas ainda hoje me surpreendo com a alegria deles, agora que já não cabem mais no meu colo, com o último lançamento do seu autor preferido, a fila para o autográfo, as várias edições do mesmo livro querido.

É sobre essa emoção que quero aqui compartilhar: sobre a memória do leitor, esta que pode ser construída desde a mais tenra infância. Uma herança, talvez a melhor delas, que podemos deixar para nossos filhos: a experiência de ser feliz apenas com um livro nas mãos. A leitura não transforma o mundo, mas transforma as pessoas. E não é isso que queremos para nossos filhos: Pessoas mais informadas, mais conscientes e plenas de esperança para prosseguir? Essa transformação os livros podem sim nos dar...

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​                                                                                                      aloma.carvalho@gmail.com