top of page

Bebê + livros = silêncio?!

Tenho insistido que a leitura em família é um excelente contexto para conversar com o bebê, mas neste post quero falar sobre leitura e silêncio. Isso mesmo: livros, leituras, bebês e a arte de ficar em silêncio. Tudo isso por que, apesar de fazer ioga há vários anos, toda vez que inicio uma aula acho que não vai dar certo. As pernas não esticam, as costas não relaxam e, o pior de tudo, a minha mente não se aquieta... Passa de tudo e mais um pouco pela minha cabeça: lugares, pessoas, sentimentos, ideias. Ufff! Se sou a favor das crianças praticarem ioga desde pequenas? Super. Mas enquanto ela não se torna matéria obrigatória na escola, temos que admitir que a ioga pode ser algo complicado quando toda a família não pratica. Foi o que aconteceu em casa. Não consegui convencer o marido e, mais tarde, os filhos a me acompanharem nessa jornada... Uma pena!

Por outro lado, como já compartilhei em mais de uma ocasião, sempre cuidei da formação leitora de todos (inclusive do marido). Livros em todos os cantos da casa, momentos de leitura em família, livros na hora de dormir... E só agora me dou conta de que a leitura acabou ensinando algo à minha turma que todo praticante de ioga sabe da importância: a solidão, o silêncio e a quietude. Afinal, a leitura exige que estejamos sozinhos conosco mesmos; ela pede concentração e uma alienação (no bom sentido) dos acontecimentos ao nosso redor; ela desperta sentimentos que sentimos sozinhos, só com o livro. No cinema, todo mundo chora junto. No quarto, à noite, se um livro me faz chorar ou rir sou eu com eu mesma...

A leitura exige silêncio, concentração, foco. Em duas ocasiões minha família manifestou a compreensão disso. Na vez que levei um monte de trabalho para casa e precisava de silêncio total. Estava frio e ninguém quis sair. Quando dei por mim, tinham passado quase 4 horas e a minha turma meio que paralisada na sala: estavam todos devorando um livro. Cada um o seu, mas todos juntos. A Gabi numa poltrona lendo com as pernas pra cima; o Fê encolhidinho em um canto do sofá com o nariz enfiado no livro; e o Alberto, esparramado pelo sofá, com os pés em cima do Fê. Estranhei muito a cena... Um adulto que não gosta de ler, uma pré-adolescente com celular e um moleque que só pensa em correr – todos assim, tão quietinhos com um livro na mão?! Outra ocasião foi ainda mais surpreendente. Também tinha que trabalhar e estava sozinha em casa com o Fê, então com uns 9/10 anos. Pedi, mais uma vez, silêncio. Ele foi para o quarto e quando dei por mim, mais de uma hora depois, o silêncio da casa até doía nos ouvidos. Cadê o Fê? Caramba, esqueci dele!!! Coitado, tanto tempo sozinho e sem ninguém falar com ele! Dormiu? Tá doente?! Não, mãe, tô aqui lendo... Todo esse tempo? Esse livro tão grande?! Você está bem?! Maluca total, o menino na dele, lendo, curtindo, desligado do resto do mundo, ligado nele e nos sentimentos que o livro lhe provocava, concentrado, em silêncio, satisfeito, pleno... Não é assim que um leitor faz?! Não é por aí que a prática da ioga deve começar?!

Livro, quietude, serenidade, concentração, meditação. Eu recomendo a todos, desde bebê, a fazer ioga. E tem livros lindos escritos por mestres brasileiros e ilustrados por ilustradores daqui da terrinha fantásticos. “Vamos brincar de estátua?” é um deles, escrito por Márcia De Luca e Lúcia Barros e com desenhos da fofa da Bruna Assis Brasil. Mas, se por acaso a ioga não rolar, aproveite os momentos de leitura em família para ensinar o seu filho, desde bebê, a valorizar o silêncio, a calma, a concentração, a quietude e a plenitude de estar bem consigo mesmo, sozinho, sem distrações, sem ansiedade, íntegro, confiante... Quando adulto, ele agradecerá! Namastê...

P.S. A ilustração que acompanha este post é da Bruna Assis Brasil para o livro "Vamos brincar de estátua?", de Márcia De Luca e Lúcia Barros.

Destaque
Tags
bottom of page