top of page

Espaços de leitura: a Livraria Cultura

Frequento a Livraria Cultura há quase três décadas... Ainda me recordo da primeira vez que entrei na Cultura. Era uma portinha estreita na av. Paulista, com livros por todos os lados. Mas não eram apenas livros: eram "os livros"!!!

Naquela ocasião, eu estudava Filosofia e encontrar livros de Steven Jay Gould e Alejo Carpentier era simplesmente o máximo. Para quem conhece esses autores, dá para imaginar que além de pretensa filosofa, eu era uma jovem pra lá de metida (Steven é da área de Biologia e Alejo é um poeta cubano). Sim, além de metida, amava os livros, amava os autores e amava os dois juntos em um mesmo espaço.

Como estudante, a Livraria Cultura era objeto dos sonhos. Sem grana para comprar livros (ainda mais por que a maioria era importado), passava horas ali, apenas folheando, admirando, desejando... Bons tempos aqueles que levavam os jovens amantes de livros a percorrer a cidade apenas para ter contato com os livros...

A Livraria Cultura marcou minha formação como leitora e amante de livros. Ouso dizer que conheço muito bem sua trajetória. Da portinha estreita às megas stores atuais dos shoppings de diversas capitais (em 2015, por conta de um lançamento nacional da Bamboo, conheci praticamente todas as lojas do Brasil - exceção para Porto Alegre, Ribeirão Preto e Recife. Conheci tão bem que até considerei como um bom plano de aposentadoria ser livreira na Cultura de Brasília, que amei!!).

Atualmente, como editora, posso afirmar que a Cultura é uma das redes de livrarias que melhor acolhe a pequena editora e o autor estreante, ainda pouco conhecido.

Como consumidora e mãe, porém, acho que vale reproduzir a frase que meu filho Fernando me disse quando tinha cerca de 5 anos: "por que eles insistem em vender brinquedos na livraria e ainda por cima mais caro do que na loja de brinquedos, mãe?!". Explico.

Quando meus filhos eram pequenos e íamos a um shopping, o combinado era sempre passar primeiro na livraria e depois na loja de brinquedos. Na loja de brinquedos, eles já sabiam que não iriam ganhar nada. Da livraria, sairiam com um livro. Este ritual durou anos, mas a pressão pelos brinquedos sempre foi forte. Nesse sentido, aquele monte de lego, bichinhos de pelúcia, dvds etc. da Cultura não ajudavam muito...

Assim como o Fê, até hoje me pergunto por que a livraria faz isso de colocar brinquedos e dvds antes dos livros infantis (isso sem falar na sessão juvenil, que geralmente fica lá nos fundos das lojas, bem escondidinha).

Esta é a principal crítica que faço a este espaço de leitura, um dos mais importantes em várias cidades do país. Apesar de sempre observar adultos e crianças com livros nas mãos, sentados ao redor do brinquedão de madeira que decora a maioria das lojas, parece que o apelo aos brinquedos, livros de colorir e dvds é o destaque comercial da rede. Em pleno lançamento do último livro do Harry Potter, agora em outubro, havia tantos bichinhos de pelúcia daqueles com olhos saltados em cima dos exemplares tão esperados pelos fãs, ao redor deles, pelo chão que eu e meus filhos caímos na gargalhada. Afinal, até os livros do nosso bruxinho preferido precisam de pelúcias para vender?! Não posso acreditar nisso...

Por que, então, recomendo este espaço de leitura para a formação do bebê leitor?! Por que lá é possível encontrar bons títulos de autores nacionais. Isso é muito importante. Nas grandes redes geralmente não encontramos autores nacionais na sessão de livros infantis. Uma peninha... Mas, na Cultura, sim. Em algumas delas os livros até estão organizados por autores. É claro que os títulos importados acabam recebendo destaque, mas é só pesquisar nas bancadas e nas prateleiras que logo encontramos um livro nacional bem bacana. Além disso, é uma mega store arejada, ampla.

Eu me sinto bem nas lojas da Cultura (o café também é uma delícia). A minha dica é dar uma espiadinha no site antes de ir à loja, pois muitas vezes os livros não estão no estoque mas a livraria os vende online. Insista com o vendedor, pois pode acontecer deles desconhecerem o catálogo completo da livraria e logo afirmarem que o livro está esgotado. Essa é outra crítica que faço a este espaço.

Em São Paulo, as minhas Culturas preferidas são as do Shopping Bourbon e do Market Place. A mais conhecida de todas, a loja da Paulista, não é nada babyfriendly - na minha opinião. Mas o passeio em um domingo de sol pela Paulista passando pela livraria é um programaço... Comece pelo MASP, visite o museu, vá a pé pela avenida - disponível apenas para os pedestres (isso é uma maravilha para os paulistanos: ruas sem carros!!!), almoce pelas proximidades e termine o dia na livraria, com direito a livros e um cafezinho. Gostou?! Um programa que é a cara da São Paulo que amo tanto, apesar dos pesares...

Dica: Livraria Cultura

Fica: Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Ribeirão Preto, Brasília, Salvador, Campinas, Rio de Janeiro, Recife e Fortaleza (pode ser que tenha esquecido de alguma loja).

Melhor dia: De preferência na parte da manhã (ou logo depois do almoço / horários que costumam ser mais tranquilos).

Fique de olho na programação: Teatro, lançamento de livros e apresentações musicais para as crianças costumam ocorrer principalmente durante os meses de férias e em outubro, no mês da criança.

Destaque
Tags
bottom of page